Aventuras
na selva bolivariana
Era uma vez uma menina chamada Chapeuzinho
Vermelho. Ela vivia numa floresta bolivariana, num calor de cinquenta graus à
sombra, e vestia gorro de algodão e couro de cor vermelha. O vermelho veio de
uma resolução do partido gerada pelo Conselho Florestal. Fez-se um plebiscito –
vermelho ou paredón – e a cor
vermelha foi aclamada com cem por cento de votos. A empresa que computou os
votos era tão confiável, que apareceram até mais votos, resultando num total de
125%.
Quando chegou a idade de arranjar emprego –
três anos após aprender a falar – o Conselho Florestal se reuniu e chegou à
conclusão de que Chapeuzinho tinha talento e competência para levar doces para
um asilo de idosos, um campo de concentração próximo, lugar bonito, arborizado.
Esta seria a sua profissão.
Uma vez, ela bateu boca com um lobo, no meio da
floresta, por causa de política. O lobo era do tamanho de um elefante, e o povo
o chamava carinhosamente de Lobão, o Big Wolf. Todos aqueles que não gostavam
de ser submetidos à ideologia do partido eram chamados de “burgueses” ou “fascistas”.
Era só um bicho querer levantar uma questão contrária e era alcunhado, sem
nenhuma argumentação, “fascista”.
Lobão era criticado por ter independência e
coragem. No passado, chegou a fazer campanha para o partido. Mas, depois que o
partido alcançou o poder e lá se aninhou para sempre, percebeu que somente
havia ali um projeto de poder, não de governo ou estado. Tudo para dar emprego
aos amigos, montar esquemas, participação em comissões – escândalos de corrupção
em série, como nunca antes na história dessa floresta. Grande parte dos animais
permanecia achando que o partido ainda era o mesmo de outrora.
A briga começou quando Lobão perguntou a
Chapeuzinho:
- Por que essa inflação tão grande?
- É para dar empregos – respondeu a moça
vermelha.
- E por que o Bolsa-Família, se o país já saiu
do mapa da miséria?
E blá, blá, blá...
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