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quinta-feira, 28 de agosto de 2014










A VELHA E A NOVA POLÍTICAS
O encontro das irmãs gêmeas

"Política" é o nome de uma senhora, uma mulher de quem muito se fala, e não é coisa boa. Ela sai de sua casa, numa vila, e a vizinhança não espera nem ela sair e cochicha, critica, enumera uma lista de malfeitos sem fim.

- Mulher de vida fácil! Um homem diferente por semana...!
- Oh! Pouca vergonha! É o fim!
 
Tipo que suscita paixão nos homens, contra ou a favor, não importa, enlouquece a muitos. E olha que já tem uma certa idade... Mas, mantém um corpo jovial, veste-se bem, moderna. Alguns retrucam: por dentro é antiga, só tem juventude por fora, para iludir. Sua idade remonta aos gregos antigos, que vieram com aquela estória de "pólis", democracia e tal, e deu no que deu. E Grécia hoje... (Onde está a Grécia, hoje?).
Esta senhora descobriu que possui uma irmã. Foi um drama terrível a descoberta. Os pais reuniram um dia toda a família, num imenso campo de futebol soçaite, e o pai, sempre sutil, disse num megafone:

- Aqueles que não têm irmão gêmeo deem um passo à frente. Política, você pode ficar onde está.

E no meio da multidão, a mãe contou que sua irmã, apesar de ter nascido séculos depois, era gêmea.

- Um caso atípico, minha filha.

De repente, entre os convidados, surgiu a nova Política, sorridente, com seus olhinhos brilhantes e esperançosos. Porém, o sorriso logo deu lugar a uma cara mais fechada. Sob o olhar de todos, a nova Política foi ao encontro de sua irmã mais velha. Ela sabia que a mana andava com muita reclamação no cartório. Quantas e quantas vezes ela não se apresentou diante da sociedade prometendo mundos e fundos e só deixou uma profunda insatisfação geral. A velha Política tinha vários amantes, apesar de prometer fidelidade a cada um. Ninguém confiava mais nela.
E a nova Política rejubilou-se. Ninguém aguentava mais a velha: especialmente quando ficava a se lamentar, enumerando as doenças que tinha, os medicamentos que tomava. A cada dia, a velha Política aparecia com um remédio novo:

- Esse sim, vai me curar!

E nada que se curava. Não ouvia e nem enxergava mais direito, vivia tropeçando na calçada. Mesmo assim, muitos ainda a adoravam. Ela era rica, tinha ambição. Mas, a nova também tinha.

E a ambição era a mesma: um homem chamado "Poder". Poderoso, inteligente e comunicativo, Poder deixava o Tom Cruise no chinelo. As irmãs gêmeas caíam de amores por ele. Nada as tirava tanto do sério quanto esse homem (o Poder, não o Tom Cruise), que é antigo também, que não envelhece. Contam as más línguas que Poder fizera um pacto com o demônio, num tempo remoto da história, para permanecer jovem.

- Tudo bem. Mas, você me garante uma barriga tanquinho?
- Barriga tanquinho e implante de cabelos.

Um dia, a velha Política encontrou a nova, na rua, e começaram a discutir.


- Olha aqui, sua sirigaita molequinha, não vem prometendo novidade prpo homem, que isso é truque velho!
- Qual é, coroa?
- Sou coroa? Então tu és a cara. Somos as faces de uma mesma moeda!

A irmã mais velha, com ares peculiares de sabedoria, disse ainda que, para conquistar aquele homem - "isso é que é um homem" - a mais nova teria que ser mais recatada, o Poder já tem idade, um senhor de respeito. Pra começar, tirando o bustiê e a minissaia e pondo um vestido até o tornozelo.

E a mais nova respondeu que jamais faria isso. Se o Poder gostasse dela, teria de ser como ela era, com o seu jeito, respeitando sua maneira de se vestir, etc.

- Talvez, eu ponha um casaco por cima. Mas, só por causa do frio...!

 
 




 

 

 

 

 

 

 

 

 




 

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